quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Texto de Mário de Andrade

"É possível que a cara não mostre, porém
sinto um cair da tarde na alma...
Você não imagina. Passarinho não pia
mais, brisa parou, céu cinzou sem sol,
tempo morno... De supetão um mugido
de longe. Inda entristece mais essa
lembrança de que a vida está por aí
mesmo... Mas tudo isso passa, deixa
estar, volto logo pra aquele jeito meu de 
que gosto tanto, satisfeito fuçando tudo
que é dor e que é alegria neste mundo.
Depois, que que hei de fazer? sou mesmo
um sujeito desgraçado de feliz, dou risada
de mim, atarraxo os braços no lugar e
vou pra diante.

É tão grande a manhã!

É tão bom respirar!

É tão gostoso gostar da vida!

A própria dor é uma felicidade!"

( retirado do livro Te dou a lua amanhã de Jorge Miguel Marinho)

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