terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sua amizade me aquece a alma

  
(...)
"Há outros amigos em nosso vagão. E como isso é reconfortante!
Amigos que emprestam suas almofadas para que, nos trechos esburacados da velha ferrovia, aliviemos os solavancos.
Amigos que ouvem sem pressa; e que têm pressa em ouvir.
Amigos que abrem as cestas e partilham o alimento. E servem, sem economias, e oferecem a palavra quando necessário. Percebem, sem serem requisitados, que o momento é de ajudar.
Não poucas vezes, em nossas viagens, você foi ouvinte atento.
Em outras, avisou-me dos perigos, mas permitiu que eu experimentasse os riscos da liberdade sem nunca negar o aconchego se algo falhasse.
Amigos são assim. Mesmo quando teimamos em entrar na água fria, ficam próximos com as toalhas preparadas e, se necessário, as cobertas.
Nada de acusações nem de perseguições.
(...)
Amigos são poetas da alma. São andarilhos duais, alegres e tristes.
São malabaristas e, se necessário, palhaços.
Brincam para que o sorriso não se faça de rogado.
Testemunham o aconchego de um fim de tarde.
Exalam um odor agradável de uma flor que não se encontra em atacado.
Amigos têm o poder da unicidade e não merecem a economia de nossos sentimentos."
(Gabriel Chalita)



Li esse texto e lembrei de você, Nana. Minha amiga fiel, meu presente de Deus.
Pra você todo meu amor e minha amizade hoje e sempre!

sábado, 28 de agosto de 2010

Minhas janelas

Todos os dias, me conheço um pouquinho melhor...hoje, estava andando pela rua e me deparei com essa situação. Diante dos problemas que me atropelam, percebi que certas dificuldades muitas vezes me aparecem para que eu possa me conhecer. É, conhecer. Através de certas deficiências, fico mais nítida diante de meus olhos. É como se precisasse passar por algumas situações para me ver sem cortinas. Vejo como realmente sou. Chega de achar que sou covarde, medrosa, posso até ser em algumas situações, mas em tantas outras sou tão guerreira e lutadora...há alguns dias li uma frase que gravei e repeti " JANELAS SUJAS ENFEIAM A PAISAGEM". Essa frase de Gabriel Chalita me veio à mente agora.
Quantas vezes sujamos as nossas janelas....como ver direito se estão embaçadas? Quantas vezes permitimos que as pessoas sujem nossas janelas e nos levem a enxergar do ponto de vista delas? Nada de manipulação, opressão...quero ver o jardim!
Agora minha visão estaá mais clara. Nada de deixar demorar, tenho que fazer essa faxina constantemente. Limpar as minhas janelas sempre! Esse é o meu pensamento a partir de agora. Pra ver as coisas, as pessoas e, principalmente, pra me ver como realmente sou.
Avante! A partir de agora, avante! Limpemos as janelas, com muito sabão! Só assim a vida nos parecerá mais linda, colorida e alegre.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Caça

Por que é importante ler? Pergunta recorrente em qualquer encontro de escritores com estudantes. E a gente acaba desfiando um rosário de respostas prontas, um blá blá blá repetitivo, apesar de necessário. Mas hoje vou dar um exemplo prático. Estava lendo uma revista - nem era um livro - quando me deparei com uma entrevista feita com o chef Philippe Legendre, estrela da gastronomia francesa de quem nunca provei um ovo frito. Ignorante sobre quem era o cara, li. Lá pelas tantas, o repórter: "É verdade que o senhor adora caçar?" O chef: "Eu caço o silêncio. Atiro no barulho."
Bum!
Perdizes, faisões, coelhos, sei lá o quê o tal homem caça todo final de semana - e nem me interessa. O importante foi o impacto causado por aquelas duas frasezinhas curtas que pareciam um poema e que empurraram meu pensamento para além daquelas páginas, me puseram a pensar sobre minhas próprias perseguições. Caço o silêncio. Atiro no barulho. Eu idem, monsieur.
Eu caço o sossego. Atiro na tevê.
Eu caço afeto. Atiro em gente rude.
Eu caço liberdade. Atiro na patrulha.
Eu caço amigos. Atiro em fantasmas.
Eu caço o amanhã. Atiro no ontem.
Eu caço prazeres. Atiro no tédio.
Eu caço o sono. Atiro no sol.
E quando caço o sol, atiro em relógios. Acho que é isto que a leitura faz. Nos solta na floresta com uma arma na mão. Nos dá munição para atirar em tudo o que nos distrai de nós mesmos, no que nos desconcentra. O livro não permite que fiquemos sem nos escutar. A leitura faz eu mirar em mim e acertar no que eu nem sabia que também sentia e pensava. E, por outro lado, me ajuda a matar tudo o que pode haver em mim de limitante: preconceitos, idéias fixas, hipocrisias, solenidades, dores cultuadas.
Lendo, eu caço a mim e atiro em mim.
Martha Medeiros

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Caminhe



Estava lendo o livro Cartas entre amigos e há uma carta em que Padre Fábio de Melo fala sobre a história de Moisés e o povo de Israel.
Fiquei com a resposta dita por Deus diante do pedido de Moisés: "Diga ao povo que caminhe!"
Essa frase me martelou os pensamentos..."Diga que  caminhe!"  "caminhe!" 
"CAMINHE!"

Imagine aquele povo diante do mar violento querendo solução e escuta: "Caminhe!!"
Ao mesmo tempo me vejo diante das dificuldades e ouvindo a mesma palavra: "Caminhe!"
Nossa, como é difícil confiar quando não se tem segurança de ficar em terra firme! 
Como é difícil seguir esse imperativo diante dos meus medos, das minhas dúvidas...
Sei que como na história, o milagre acontece, o mar se abre, eu acredito nisso, mas como é doloroso dar o passo, os passos, levantar, bater a poeira, continuar...ter paciência...
O que posso fazer?A não ser seguí-la? A voz ecoa, não consigo deixar de ouvi-la, ela me segue, me grita. Ás vezes, soa fraquinha, rouca...outras vezes geme, porém nunca some, está aqui. 
É Deus falando dentro de mim. E quem sou eu diante dela? Da palavra? Nada.
Então, o que me resta? Continuar...seguir, andar. Muitas vezes até rastejar, mas tentar sempre.

"A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, ou um ano, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre. "

(Lance Armstrong)

domingo, 8 de agosto de 2010

Olá!!

Sou como você me vê...posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar...suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras, sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calma e perdôo logo.
Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre...Tenho felicidade o bastante para ser doce, dificuldades para ser forte, tristeza para ser humana e esperança suficiente para ser feliz. Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre...Sou uma filha da natureza:quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser...a única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.

Clarice Lispector