quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Roda viva

Estive pensando sobre a vida e cheguei à conclusão de que a nossa vida é uma roda. Ela gira, gira e gira...dá voltas, reviravoltas, mas em certo ponto, a gente passa por situações antes vividas, ou por pessoas, ou sentimentos, sendo surpreendidos pelas coisas da vida.
Bom, diante disso, então o que esperar? E o que concluir?
1. Que os momentos ruins passam, pois pensando por esse ângulo, todos os momentos difíceis são finitos;
2. As pessoas que nos fizeram mal também podem esperar pela tão justa lei do retorno: Aqui se faz, aqui se paga!
3. Precisamos estar cientes de que os momentos felizes cheinhos de sol, esses também podem ser surpreendidos, de vez em quando, pelas nuvens escuras, mas nada de assobro; elas, como tudo na vida, também passam;
4. Não se pode pensar muito no futuro, nem lembrar muito do passado, temos que estar presentes no presente;
5. A vida é um grande mistério, e quanto mais a conhecemos, mais ainda temos para conhecer;
6. Nunca podemos julgar atitudes de alguém, sem antes termos passado pela mesma experiência;
7. Que quem não respeita você não te ama, e nunca vai te amar;
8. Somos apenas uma poeira, como dizem, poeira de estrelas, não somos mais do que ninguém, nem melhores do que ninguém, a qualquer hora, podemos estar na corda bamba, nos sentindo atados diante das dificuldades;
9. Quanto mais se estuda, menos se aceita que as coisas continuem como estão, quanto mais se tem estudo, mais a gente percebe o quanto não sabe e o quanto deve saber, quanto mais se estuda, mais se exige da vida, mesmo que esta exigência seja tão simples, que muita gente não compreenda;
10. Viver é bom e Deus é justo.

domingo, 17 de outubro de 2010


Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!

Martha Medeiros

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O resgate dos mineiros no Chile é um símbolo de esperança para o mundo inteiro.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Rifa-se...

Rifa-se um coração
Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um
pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste
de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração
que acha que Tim Maia
estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a
esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer
sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome
de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional
que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que
também arranca lágrimas
e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para
quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo,
defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer
para São Pedro na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por
outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate
tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.


Clarice Lispector

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Eu quero ser como os ipês

"Os ipês são metáforas do que poderíamos ser.
Seria bom se pudéssemos nos abrir para o amor no inverno.
Seria bom se, no inverno, nos incendiássemos.
Seria bom se, no inverno, a beleza brotasse dos nossos galhos nus."

Rubem Alves


Que bom seria mesmo se nos invernos da vida, tudo se aquecesse...inclusive o coração...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Essa é a pura verdade...


 “O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranqüila.
  Em silêncio. 
  Sem dar conselhos.
  Sem que digam: “Se eu fosse você”. 
  A gente ama não é a pessoa que fala bonito.
  É a pessoa que escuta bonito. 
  A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. 
  É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. 
  Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.”


  Rubem Alves

As Batalhas

À noite, me pego pensando nas batalhas... algumas já travadas, ganhas e consoladoras, outras sufocantes, imagem de uma guerra sem aparato suficiente.
Muitas lutas, muitas: a luta contra ideologias, contra a dor, luta travada contra mim mesma, tantas, tantas!!
Lutas e jornadas. Mal a noite acaba, e já vem outra. Luta. Sempre. Hoje. Amanhã.
Qual será então o futuro da imagem pequena, vestida com peças machucadas, com ferimentos pelo corpo... e a alma? Tão cansada... Busca refúgio a cada dia do Pai celestial que a ouve e a segura firme, embora vez ou outra cambaleante, mantém-se sustentada. Imagens horríveis me passam à cabeça. Cenas de luta passadas. São as imagens das guerras que de vez em quando surgem e, nos sobressaltos, me acompanham.
Volvo meu olhar sob o futuro, o que será?
Esta guerra presente há de passar... mas outras virão. Espero eu que mais fracas e menos injustas. Outras, ah! Tem umas que faço questão de lutar, fazem parte do que penso, do que acredito. Mas de todas, de todas elas, a mais doída é aquela travada por inimigos alheios ao meu conhecimento, inimigos que se fizeram presentes, esta sim, é implacável.
O inimigo que te conhece, recebe o que você acrescenta de melhor e espera o momento implacável para fincar a espada. Esse sim é um inimigo frio, e o pior, é aquele que você não está preparado, porque não imagina ser vítima de tão cruel ataque.
No entanto, se você passa por um momento assim, acalme-se, você sobrevive, acredite! Sobrevive e trava lutas futuras, porém nunca mais é a mesma pessoa, pois o pedaço onde antes se plantavam flores fora minado e fica seco. Daí, a terra rachada da seca dói ainda mais, e não deixa você esquecer que o solo antes seguro, agora é rachado e sem vida...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pipoca ou peruá


"Tem muita gente peruá neste planeta. 
Gente que não explode, que não reage ao calor, não desabrocha.
Que não vira pipoca"
 Rubem Alves


Deus, dai-me a graça de virar pipoca! Hoje estou me sentindo mais peruá do que nunca!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

E tudo mudou

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças.

Luis Fernando Veríssimo

Das pedras

Ajuntei todas as pedras
Que vieram sobre mim
Levantei uma escada
Muito alta
E no alto subi,
Teci um tapete floreado
E no sonho me perdi...

Uma estrada,
Um leito,
Uma casa,
Um companheiro.
Tudo de pedra...

Entre pedras cresceu
A minha poesia,
Minha vida...
Quebrando pedras
E plantando flores...

Entre pedras
Que me esmagavam
Levantei a pedra rude
Dos meus versos...

Cora Coralina

Fragmento de Guimarães Rosa


O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Que venha a chuva!

A cada dia, um novo desafio...a cada dia, uma nova etapa. 
Ah, é muito importante saber que não estou sozinha. NUNCA. tenho elos que me fortalecem, que me dão coragem. Pessoas que me amam, de verdade. E, além do mais, tenho a força e a presença real de um Deus que me sustenta e me levanta. 
O lema é esse: Confiar sem duvidar. Mesmo com tribulações, com dificuldades, com tumulto, ora...é confiar! Deus está junto de nós de acordo com o que entregamos. Se damos pouco, e nos agarramos aos problemas, por que Ele iria nos fortalecer, ou nos ajudar? Se o temos com garra, é porque queremos aquela dificuldade junto de nós. Agora, se por outro lado, apresentamos a Ele, entregamos e confiamos, tudo se torna mais fácil. Não é questão de mágica, não é que tudo de ruim vai desaparecer, mas é uma relação de divisão. Ora, se eu digo pra Deus que não posso sozinha, Ele me ajuda, me fortalece. Se eu confio, Ele muda o rumo, a direção (dos meus pensamentos, dos problemas, das más escolhas que fiz), mostra soluções, mesmo que as vezes sejam um pouco dolorosas. 
Vi uma frase na net ontem que diz 

"Viver não é esperar a tempestade passar, é aprender a dançar na chuva"

Fiquei pensando em quantas tempestades já passei, quantas vezes me vi quase naufragando, me perdendo...Minha tempestade já esteve muito forte, derrubou barracos em meu coração, causou inundações, destruição. Já trouxe à mostra sujeira, lama, tudo que uma enxurrada provoca. Hoje, está mais tranquila, ou talvez eu saiba lidar melhor com ela, aprendi aos poucos em que poças devo pisar. Sei que vez ou outra, entra aguá enlameada de novo no meu peito, e lá vou eu de novo com o rodo, enxugando sem demora...outras vezes, fico deitada na minha varanda, olhando a chuva cair, olhando e sonhando com um belo sol e céu azul...nenhuma chuva é pra sempre, nenhum problema, nenhuma dor. Quem sabe não é isso? Temos que passar pela chuva, para estar mais limpos e valorizarmos melhor o verão? Quem já tomou banho de chuva quando era criança sabe, mesmo com os perigos, medos de raios, relâmpagos, o que nos move é a alegria de nos sentirmos livres. Será que não é essa a verdadeira razão? Aprender a dar valor às coisas que realmente valem à pena?
Em Ou isto ou aquilo, Cecília Meireles nos proporciona refletirmos que a vida tem suas fases
"Ou se tem chuva e não se tem sol, 
Ou se tem sol e não se tem chuva!"  
 Acho muito interessante esse poema de Cecília, e ela acrescenta
"É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!"
 Como seria bom sentir todas as coisas ao mesmo tempo, não é mesmo? Mas será que iríamos conseguir entender as situações, fazer as escolhas, sofrer as demoras? Será? Não sei. Só sei que algumas vezes surgem situações em nossa vida que servem pra mostrar que não temos o poder de todas as coisas, que não somos nada, que precisamos dos outros e de Deus. Que o essencial da vida deve ser buscado todos os dias, e não se compra, são momentos tão simples que na maioria des vezes fica esquecido. O importante é viver cada momento. Respirar fundo, resistir.
Não sei que tipo de reviravolta está acontecendo na minha vida, só sei que por tudo o que passo, tenho que aprender algo. E como diz o professor Gretz, um palestrante muito iluminando e cheio de vida, o essencial é "SAIR PRA VENCER VENCENDO!!"

E eu acrescento:
SAIR PRA VENCER VENCENDO, MESMO DEBAIXO DE MUITA CHUVA.

Talvez é a hora de arriscar alguns passos, correr pela chuva sem medo e sapatear, cantarolando...
"Chove chuva, chove sem parar!!..."

domingo, 12 de setembro de 2010

O Senhor cuida de mim


O Senhor cuida de mim,
A contrariedade aparece para atrapalhar,
Mas não vai prevalecer,
Pois o Senhor é a minha confiança,
O adversário ameaça os meus passos,
Mas não pode me tocar,
Pois o Senhor é a minha proteção,
A dificuldade vem assombrar,
Mas não irá me fazer desistir,
Pois o Senhor é a minha providência,
O contratempo surge para causar confusão,
Mas não tem como me confundir,
Pois o Senhor é a minha esperança,
A adversidade quer me parar,
Mas não será capaz de me deter,
Pois o Senhor é a minha salvação.

sábado, 11 de setembro de 2010

Amor


Amor, que é amor, dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor. O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou. O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado, eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto". O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração os quais sozinhos jamais poderíamos enxergar. O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!" Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos, socorreu-me em minha cegueira. Eu possuía e não sabia. O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha. Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos.
Padre Fabio de Melo

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Fragmento de Rubem Alves

“...Sem tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em lugares onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte... Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.”

domingo, 5 de setembro de 2010

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sua amizade me aquece a alma

  
(...)
"Há outros amigos em nosso vagão. E como isso é reconfortante!
Amigos que emprestam suas almofadas para que, nos trechos esburacados da velha ferrovia, aliviemos os solavancos.
Amigos que ouvem sem pressa; e que têm pressa em ouvir.
Amigos que abrem as cestas e partilham o alimento. E servem, sem economias, e oferecem a palavra quando necessário. Percebem, sem serem requisitados, que o momento é de ajudar.
Não poucas vezes, em nossas viagens, você foi ouvinte atento.
Em outras, avisou-me dos perigos, mas permitiu que eu experimentasse os riscos da liberdade sem nunca negar o aconchego se algo falhasse.
Amigos são assim. Mesmo quando teimamos em entrar na água fria, ficam próximos com as toalhas preparadas e, se necessário, as cobertas.
Nada de acusações nem de perseguições.
(...)
Amigos são poetas da alma. São andarilhos duais, alegres e tristes.
São malabaristas e, se necessário, palhaços.
Brincam para que o sorriso não se faça de rogado.
Testemunham o aconchego de um fim de tarde.
Exalam um odor agradável de uma flor que não se encontra em atacado.
Amigos têm o poder da unicidade e não merecem a economia de nossos sentimentos."
(Gabriel Chalita)



Li esse texto e lembrei de você, Nana. Minha amiga fiel, meu presente de Deus.
Pra você todo meu amor e minha amizade hoje e sempre!

sábado, 28 de agosto de 2010

Minhas janelas

Todos os dias, me conheço um pouquinho melhor...hoje, estava andando pela rua e me deparei com essa situação. Diante dos problemas que me atropelam, percebi que certas dificuldades muitas vezes me aparecem para que eu possa me conhecer. É, conhecer. Através de certas deficiências, fico mais nítida diante de meus olhos. É como se precisasse passar por algumas situações para me ver sem cortinas. Vejo como realmente sou. Chega de achar que sou covarde, medrosa, posso até ser em algumas situações, mas em tantas outras sou tão guerreira e lutadora...há alguns dias li uma frase que gravei e repeti " JANELAS SUJAS ENFEIAM A PAISAGEM". Essa frase de Gabriel Chalita me veio à mente agora.
Quantas vezes sujamos as nossas janelas....como ver direito se estão embaçadas? Quantas vezes permitimos que as pessoas sujem nossas janelas e nos levem a enxergar do ponto de vista delas? Nada de manipulação, opressão...quero ver o jardim!
Agora minha visão estaá mais clara. Nada de deixar demorar, tenho que fazer essa faxina constantemente. Limpar as minhas janelas sempre! Esse é o meu pensamento a partir de agora. Pra ver as coisas, as pessoas e, principalmente, pra me ver como realmente sou.
Avante! A partir de agora, avante! Limpemos as janelas, com muito sabão! Só assim a vida nos parecerá mais linda, colorida e alegre.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Caça

Por que é importante ler? Pergunta recorrente em qualquer encontro de escritores com estudantes. E a gente acaba desfiando um rosário de respostas prontas, um blá blá blá repetitivo, apesar de necessário. Mas hoje vou dar um exemplo prático. Estava lendo uma revista - nem era um livro - quando me deparei com uma entrevista feita com o chef Philippe Legendre, estrela da gastronomia francesa de quem nunca provei um ovo frito. Ignorante sobre quem era o cara, li. Lá pelas tantas, o repórter: "É verdade que o senhor adora caçar?" O chef: "Eu caço o silêncio. Atiro no barulho."
Bum!
Perdizes, faisões, coelhos, sei lá o quê o tal homem caça todo final de semana - e nem me interessa. O importante foi o impacto causado por aquelas duas frasezinhas curtas que pareciam um poema e que empurraram meu pensamento para além daquelas páginas, me puseram a pensar sobre minhas próprias perseguições. Caço o silêncio. Atiro no barulho. Eu idem, monsieur.
Eu caço o sossego. Atiro na tevê.
Eu caço afeto. Atiro em gente rude.
Eu caço liberdade. Atiro na patrulha.
Eu caço amigos. Atiro em fantasmas.
Eu caço o amanhã. Atiro no ontem.
Eu caço prazeres. Atiro no tédio.
Eu caço o sono. Atiro no sol.
E quando caço o sol, atiro em relógios. Acho que é isto que a leitura faz. Nos solta na floresta com uma arma na mão. Nos dá munição para atirar em tudo o que nos distrai de nós mesmos, no que nos desconcentra. O livro não permite que fiquemos sem nos escutar. A leitura faz eu mirar em mim e acertar no que eu nem sabia que também sentia e pensava. E, por outro lado, me ajuda a matar tudo o que pode haver em mim de limitante: preconceitos, idéias fixas, hipocrisias, solenidades, dores cultuadas.
Lendo, eu caço a mim e atiro em mim.
Martha Medeiros

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Caminhe



Estava lendo o livro Cartas entre amigos e há uma carta em que Padre Fábio de Melo fala sobre a história de Moisés e o povo de Israel.
Fiquei com a resposta dita por Deus diante do pedido de Moisés: "Diga ao povo que caminhe!"
Essa frase me martelou os pensamentos..."Diga que  caminhe!"  "caminhe!" 
"CAMINHE!"

Imagine aquele povo diante do mar violento querendo solução e escuta: "Caminhe!!"
Ao mesmo tempo me vejo diante das dificuldades e ouvindo a mesma palavra: "Caminhe!"
Nossa, como é difícil confiar quando não se tem segurança de ficar em terra firme! 
Como é difícil seguir esse imperativo diante dos meus medos, das minhas dúvidas...
Sei que como na história, o milagre acontece, o mar se abre, eu acredito nisso, mas como é doloroso dar o passo, os passos, levantar, bater a poeira, continuar...ter paciência...
O que posso fazer?A não ser seguí-la? A voz ecoa, não consigo deixar de ouvi-la, ela me segue, me grita. Ás vezes, soa fraquinha, rouca...outras vezes geme, porém nunca some, está aqui. 
É Deus falando dentro de mim. E quem sou eu diante dela? Da palavra? Nada.
Então, o que me resta? Continuar...seguir, andar. Muitas vezes até rastejar, mas tentar sempre.

"A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, ou um ano, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre. "

(Lance Armstrong)

domingo, 8 de agosto de 2010

Olá!!

Sou como você me vê...posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar...suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras, sou irritável e firo facilmente. Também sou muito calma e perdôo logo.
Não esqueço nunca. Mas há poucas coisas de que eu me lembre...Tenho felicidade o bastante para ser doce, dificuldades para ser forte, tristeza para ser humana e esperança suficiente para ser feliz. Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre...Sou uma filha da natureza:quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo, de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser...a única verdade é que vivo.
Sinceramente, eu vivo.

Clarice Lispector